domingo, 28 de dezembro de 2014

O Amanhã - Mário Barreto França

O que possa amanhã acontecer,
nossos olhos não podem contemplar;
mas a alegria ou dor, mágoa ou prazer,
vindos de ti, nos hão de encorajar.

Ninguém pode tirar de nossa mente,
nem tampouco de nosso coração,
o teu apoio amigo e permanente
e a certeza do amparo em tua mão.

O Ano Velho, na despedida,
felicidades ainda promete
para ventura de nossa vida...
Boa Viagem, DOIS MIL E QUATORZE!

O Ano Novo chega ligeiro
e muitas bênçãos promete, afoito,
para a esperança de um ano inteiro...
Bem-vindo sejas, DOIS MIL E QUINZE!

FELIZ ANO NOVO - Mário Celso Rodrigues

     O tempo passa, ontem comemorávamos os trezentos e sessenta e cinco dias que logo estaremos, em contagem regressiva, chegando ao final...
Mais trezentos e sessenta e cinco dias, cheirando a novo, estaremos recebendo de mãos espalmadas como que se recebe um cobiçado presente, para tais, já temos, ou não, tudo bem planejado, sabemos o que faremos a cada dia, não desperdiçaremos nada, tudo sabiamente organizado... As férias, já bem no início - nelas estaremos revigorando nossas forças, desfrutando das delícias da natureza... Praias... Campo... Cidades cinematográficas em algum outro país... Crianças, relva, borboletas e flores e, as "...águas de março fechando o verão".

     Transporte coletivo lotado... Trânsito caótico... Chefe mau humorado... Papel na bolsa desvalorizado...

     Desemprego, orçamento estourado... Incessante procura... Frustração... Amigos ausentes...

     Reflexão... Onde o erro, no planejamento e em sua ação...?

     Mais um dia e nada acontece... Quando mais se vai ao encontro do sim, a resposta é não pois a vaga foi ocupada por alguém de maior experiência.

     O retorno é longo a ansiedade de chegar ao lar não mais existe... Nos olhos dos filhos a pergunta sem resposta, com a esposa não há o que dialogar...  No quarto, sentado em rota cama ou sobre uma "King" as lágrimas silenciosas também cobram uma resposta...

     "... Se Ele não for o primeiro em seu coração..." Vinha de fora, alguém cantava uma canção... De nada adianta se Ele não for o primeiro no coração... Se não buscarmos nEle a solução...

     Eis a resposta: Ao planejarmos nossa vida devemos buscar em primeiro plano a orientação daquEle que nos criou...

     Queremos ser bem sucedidos nestes novos trezentos e sessenta e cinco dias que Deus nos concede...? Eis a chave do sucesso: "...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas..." Mateus 6:33.


AOS QUE ME SEGUEM E ME PRESTIGIAM COM A LEITURA DE MEUS TEXTOS, DESEJO-LHES UM FELIZ ANO NOVO... QUE DEUS OS ABENÇOE E OS GUARDE    





sábado, 20 de dezembro de 2014

O NATAL VAI CHEGAR - Mário Barreto França

O natal vai chegar! Todos os anos,
na véspera da noite multicor,
a gente esquece mágoas e desenganos
à espera do natal do Redentor.

Através continentes e oceanos,
na cidade, no campo ou interior, 
cantam, febris, os corações humanos,
transfigurados no  divino amor.

É um vislumbre do céu que enfeita a terra,
é um milagre de Deus que o bem encerra
nas sagradas promessas de Jesus.

O natal vai chegar! Bem vindo seja!
Para ajudar a gente na peleja
de ao Gólgota do amor levar a cruz! 

sábado, 13 de dezembro de 2014

TEMPO VILÃO INEXORÁVEL - Margareth D S Leite


 
Por entre a fresta do passado,
Penetro meu olhar lá tão distante...
Vejo-me pujante em uma era atado,
Fios dourado quando ainda esfuziante.

Comparsa boêmio das noites afinado,
Companheiro inseparável de amores cantante,
Nas noites enluaradas em ardil apaixonado.

Vai distante bem na linha do horizonte,
Um passado se pondo por entre os montes,
De um tempo prenhe dourado esfuziante.
Que no véu do meu olhar ainda aflante.

Ah... Vilão que marca minha face em ruga,
Meu violino cúmplice boêmio agreste,
Parceiro inseparável que meu ego afaga.

Tangido foi pelo tempo suavemente,
Hás de soar por quem tu tens amores,
Em despedida nos últimos acordes...
Nessa jornada não haverá intérprete.
 

domingo, 30 de novembro de 2014

O CÂNTICO DE MARIA - Mário Barreto França

Tendo no coração um céu em flor
e nalma um mundo cheio de harmonia,
vendo que ia ser mãe de um Deus, Maria
ergue a voz em dulcíssimo louvor:

- "A minhalma engrandece ao meu Senhor
e meu ser canta e estua de alegria,
porque meu povo todo, neste dia,
é visitado pelo Salvador!

Pois Deus usou sua misericórdia,
para exaltar o humilde na concórdia
e abater o tirano em seu rancor!"

                       #

Maria! que o teu cântico otimista
conclame os corações para a conquista
de um céu na terra, sob o sol do amor!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

DESILUSÃO E ESPERANÇA I - Mário Barreto França

Brada sem esperança o homem desiludido:

- "Não há mais salvação para o mundo perdido!
Que importa fazer bem, se disso a recompensa
é a fuga, a ingratidão, o esquecimento, a ofensa?
Propagar a verdade e a justiça exercer
é o mesmo que subir à cruz para morrer!

O que impera no mundo é o crime e a traição:
Vence quem pode impor a fôrça do canhão;
a palavra empenhada é verbo sem valor;
o cinismo tomou o lugar do pudor;
compromisso nenhum possui mais importância;
a mestra modernista é a senhora ignorância;
o ensino corrompido e o estudo adulterado
é que vão solapando o alicerce do estado;
as próprias religiões esquecem seus fiéis
para viverem sempre em lutas sem quartéis,
a fim de conseguir política, hegemonia
da crença universal, da fé da maioria...
O lar já não é mais o asilo inviolável
nem tampouco a família é fôrça inquebrantável,
pois o pátrio poder é mera convenção,
e o próprio amor materno está sempre em função
de alguma conveniência ou de simples vaidade,
que até sobrepõe à personalidade...
Todos querem fugir aos mínimos deveres:
Interessam-lhes só os lúbricos prazeres,
nunca lhes importando o modo de alcançá-los,
e, para os conseguir, nos curtos intervalos,
roubam, matam e vão depois, cinicamente,
disfarçados, cada um, num esmoler ou crente
explorar a piedade ou a superstição
de um povo sem critério e sem educação.
A atitude modesta e franca do Messias
é vilmente trocada, agora em nossos dias,
pelo falso esplendor dos cerimoniais...
O mais enaltecido é o que aparenta mais
ser religioso, ou culto, ou muito interessado
pela situação do pobre ou desgraçado...
O lema é concordar com tudo o que fizer
aquele que o poder em suas mãos tiver...
Reduz-se à condição de anátema o idealista
que reprova e combate o abuso mandonista
dos senhores feudais e dos usurpadores
que condenam sem prova os edificadores
da heroica resistência `a toda escravidão,

política, social ou mesmo da razão,
porquanto a esses chacais somente lhes convêm
a atitude dos que lhes gritam: Muito bem!
Em meio a sociedade hipócrita e vaidosa,
a alegria é forçada e a crença é mentirosa...
Não! não creio em nais nada! A vida é ingrata e má!
Talvez somente a morte a dor me extinguirá;
do mundo enganador o excêntrico relógio
bateu a hora fatal do humano necrológio!
Malditos sejam, pois, a vida e o homem perverso,
que fizeram da guerra a deusa do universo!

Ouvindo esse clamor de justa indignação,
revoltou-se também meu triste coração,
pois, vendo em toda a parte o sofrimento humano,
só espera encontrar o amargo desengano
ao fim de uma existência em lutas consumida,
para alcançar o céu na escalada da vida...

DESILUSÃO E ESPERANÇA II - Mário Barreto França

Porém o homem de fé exclama comovido:

-"Amigo, vem e vê: Nem tudo está perdido!
A lâmpada do amor e o facho da verdade
inda brilham, mostrando o bem à humanidade;
Há muito coração piedoso, que não cansa
de pulsar e sorrir, radiante de esperança,
ministrando e vivendo o evangelho da graça
como aviso e convite ao descrente que passa...
A pronta solução aos problemas da vida
Não está em se ter fartura de comida
nem a paz aparente, e sim em procurar
viver como Deus quer, humilde a trabalhar
em bem do semelhante, amando ardentemente
as almas em perigo, as vidas dessa gente
que não crê em mais nada e que, no entanto, ainda
pode achar em Jesus a vida boa e linda,
pois a  felicidade e as íntimas venturas
estão na doce paz das consciências puras
que fazem da alegria e do prazer alheios
o motivo central dos seus castos anseios...
Dar tudo, sem pensar em qualquer recompensa,
é o fruto de quem vive a sua própria crença;
Cantar - tendo o feliz propósito de ungir
com o bálsamo da fé alguém que possa vir
a achar no Salvador, sempre sincero e manso,
a placidez de um lago, a sombra de um descanso;
Sorrir - tendo, porém, essa finalidade
de às almas irradiar uma felicidade;
Pregar - tendo o cuidado e o zelo de poder
nas mentes incutir a virtude de crer.
Vivendo e agindo assim, as tristezas e as doresserão como o frescor dos frutos e das flôresenfeitando um jardim onde o sol da alegria
festeja a exaltação da beleza do dia...
O orgulho, a inveja e o mal diante da plenitudedo amor que se fez luz transformam-se em virtude,
e é renúncia, e é serviço, e é desejo crescentede encorajar o fraco e de curar o doente, fazendo do labor as dádivas benditas,para os homens sem fé. para as almas aflitas...
Do mundo injusto e mau será transfigurado Quando o amor suplantar os erros do pecado...
A paz não se alicerça apenas nos contratos;
ela deve firmar-se em virtudes e fatos
que demonstrem que Deus, santíssimo e perfeito,
Já foi no coração da humanidade eleito,
como Pai, como Rei, como eterno juiz,
Aplicando as sanções para a tornar feliz.
Amigo, vem e vê: que ao lado de Jesus
a dor se transfigura em poemas de luz!
E, na mente liberta e na alma convertida,
inaugura-se um céu para a glória da vida!

Ouvindo essa canção de fé e esperança,
minh'alma renovou-se e encheu-se de bonança,
pois pôde descobrir na voragem do mundo
um porto em que floresce um Éden mais fecundo
e onde se pode achar, na alegria e na paz,
a ventura de um bem que não se extingue mais!
   



     
    

domingo, 16 de novembro de 2014

Rimas que Cessam - Mário Celso Rodrigues

Não mais aqui, mas, em outra pátria qualquer quero voltar a cantar e junto dos pássaros salmodiar...
Sentirei saudades das laranjeiras e dos Sabiás... Penso não suportar, das saudades e lágrimas que hei de derramar quando do peralta José, Clarissa e dos olhinhos celestes de Stella minha mente ocupar.

Preciso sair, me sentir livre... Mas, como tal sentir se aqui meu coração ficar?
Doloridas decisões... Como abandonar a nação que aprendi a amar?  Seu pavilhão com honra ao mastro conduzi e seu desfraldar emocionado pude contemplar... Quero fugir... Sair... Preciso livre me sentir

Não me sinto feliz... Minhas rimas cessaram, minhas inspirações não mais alimentam minhas emoções... Sentirei saudades das laranjeiras e dos Sabiás... Das peraltices do José, de Clarissa e Stella os doces e celestes olhares. 

Infeliz em ver minha amada pátria sendo solapada por indecentes e inescrupulosos... Infeliz em ver a terra mater desacreditada  nos continentes onde é citada... Sentirei saudades dos jatobás e dos Bem-te-Vis algazarreando em seus galhos...

Em ver a mentira tomar conta daqueles que, por dever, a verdade deveriam promover... Reverenciar! Em ver humildes trabalhadores se sujeitando a esmolas distribuídas por debochados que se perpetuam no poder, me sinto infeliz... Sentirei saudades dos Sabiás, dos Bem-te-Vis, das laranjeiras, das palmeiras e dos jatobás... De Stella, de Clarissa e do José a saudade me há de torturar... Preciso partir, não mais posso ficar...

Aprendi, mas, em armas me nego a pegar, não quero o teclado trair, prefiro amar as letras e com elas bailar...        

domingo, 19 de outubro de 2014

O Piloto - Autor desconhecido

Poemas  de aviação.



Piloto não faz retorno, faz curva de reversão,
 Piloto não vira a esquina, faz curva padrão;
 Piloto não faz baliza, faz procedimento,
 Piloto não olha o painel, confere o instrumento;
 Piloto não conserta, faz manutenção,
 Piloto não dá tranco, realiza auto rotação;
 Piloto jamais entra, ingressa!
 Tem doutrina, é padrão, não faz nada com pressa...
 Piloto não procura espaço para parar, agenda um slot,
 Piloto não para num ponto, pousa no spot.
 Piloto não liga, starta!
 Piloto não olha o mapa, confere a carta...
 Piloto não anda na banguela, voa no glide.
 Piloto não se aproxima, faz um QDMike!
 Então, preste atenção com quem você "anda"... ...
 Piloto comanda, motorista dirige!

 Boa noite!

domingo, 28 de setembro de 2014

ORQUESTRA - Mário Celso Rodrigues

canção que a orquestra toca
transporta-me para junto de ti...
Ouço a melodia de tua voz. 
Por campos floridos viajo,
abrindo caminho por entre
doirados girassóis.
Me acompanha sentimentos...
Carências afetivas,
e, saudades do calor 
que me transmite teu falar.

Corro veloz,
impulsionado pela melodia
que comparo à sua voz.
No horizonte espero te encontrar,
braços abertos, 
transbordando de carinhos...
Quentes lábios que emudecem os meus,
beijos calados, apaixonados. 
Ardendo no peito,
a leve música do teu falar.

Não mais da orquestra a canção,
mas sentimentos, olhares trocados,
envolvo-te com ternura, recebo afeto...
Fazes-me reviver... Crer... Teu amor...
Somente a Deus agradecer.  

    



DESEJO - Gonçalves Dias

Ah! que eu não morra!
Sem provar ao menos sequer
por um instante nesta vida
amor igual ao meu.

Dá, Senhor Deus
que eu sobre a terra encontre,
um anjo, uma mulher, uma obra tua
que sinta o meu sentir.

Uma alma que me entenda
irmã da minha
que escute meu silêncio
que me siga
dos ares na amplidão

Que em laços estreitos
unidas, juntas, presas
deixando a terra e o lodo...
Aos céus remontem
num êxtases de amor.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O Tempo - Laurindo Rabelo da Silva

Deus pede estrita conta do meu tempo,
é forçoso do tempo a dar conta:
Mas, como dar sem tempo tanta conta!
Eu que gastei sem conta tanto tempo!

Para ter minha conta feita a tempo;
dado me foi bom tempo e não fiz conta,
não quis,    sobrando tempo fazer conta,
quero hoje fazer conta e falta tempo.!

Oh! vós que tendes tempo sem ter conta,
não gasteis esse tempo em passa-tempo,
cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta.

Mas, oh! se os que contam com o seu tempo
fizessem desse tempo alguma conta,
não chorariam sem conta o não ter tempo

TEMPO - Olavo Bilac

Sou o tempo que passa, que passa,
sem princípio sem fim sem medida!
Vai levando a ventura e a desgraça,
vai levando as vaidades da vida!

A  correr de segundo a segundo,
vou formando os minutos que correm...
Formo as horas que passam no mundo,
formo os anos que nascem e morrem

Ninguém pode evitar os meus danos...
Vou correndo, sereno e constante:
Desse modo de cem em cem anos,
formo um século e passo a diante.

Trabalhar porque a vida é pequena,
e não há para o tempo demoras!
Não gasteis os minutos sem pena!
Não façais pouco caso das horas!

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O Livro e a América - Castro Alves

Talhado para as grandezas,
pra crescer, criar, subir,
o Novo Mundo nos músculos
sente a seiva do porvir.
- Estatuários de colossos -
Cansados doutros esboços
disse um dia Jeová:
"Vai Colombo, abre a cortina
da minha eterna oficina...
Tira a América de lá".

Molhado inda do dilúvio,
Qual Tritão descomunal,
o continente desperta
no concerto universal,
dos oceanos em tropa
um - traz-lhe as artes da Europa,
outro - as bagas do Ceilão...
E os Andes petrificados.
Como braços levantados,
lhe apontam para a amplidão.

Olhando em torno então brada:
"Tudo marcha!... Oh grande Deus!
"As cataratas - pra terra,
as estrelas - para os céus".
"Lá, do polo sobre as plagas,
o seu rebanho de vagas
vai o mar apascentar..."
"Eu quero marchar com os ventos,
com os mundos... com os firmamentos!!!"
E Deus responde - "Marchar"!

"Marchar!... Mas como?... Da Grécia,
nos dóricos Partenons,
a mil deuses levantando
mil marmóreos Panteons?...
Marchar com a espada de Roma
- Leoa de ruiva coma.
Saciando o ódio profundo...
De presa enorme no chão,
saciando o ódio profundo...
- Com as garras nas mãos do mundo.
- Com os dentes no coração?...

"Marchar!... Mas com a Alemanha
na tirania feudal,
levantando uma montanha
em cada uma catedral?...
Não!...Nem templos feitos de ossos
nem gládios a cavar fossos,
São degraus do progredir...
Lá brada Cesar morrendo:
"No pugilato tremendo
Quem sempre vence é o porvir!"

Filhos do século das luzes!
Filhos da grande nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
tereis um livro na mão:
O livro - esse audaz guerreiro
que conquista o mundo inteiro
sem nunca ter waterloo...
Elo de pensamentos,
que abrira a gruta dos ventos
donde a igualdade voou...!

Por uma fatalidade
dessas que descem do além,
o século que viu Colombro,
viu  Guttemberg também.
Quando no tosco estaleiro
da Alemanha o velho obreiro
a ave da imprensa gerou...
O genovês salta os mares...
Busca um ninho entre os palmares
e a pátria da imprensa achou...

Por isso na impaciência
desta sede de saber,
como as aves do deserto
- As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo na alma
É gérmen - que faz a palma.
É chuva - que faz o mar.

Vós que o templo das ideias.
Largo - abris às multidões,
para o  batismo luminoso
das grandes revoluções,
agora que o trem de ferro
acorda o tigre no cerro
e espanta os caboclos nús,
fazei desse "rei dos ventos".
- Ginete dos pensamentos,
- Arauto da grande luz...!

Bravo! a quem salva o futuro,
fecundando a multidão!
Num poema amortalhada
nunca morre uma nação.
Como Goethe moribundo
Brada "Luz" o Novo Mundo
num brado de Briareu...
Luz! pois, no vale e na serra...
Que, se a luz rola na terra,
Deus colhe gênios no céu...!








quarta-feira, 17 de setembro de 2014

REMINISCENCIAS I - Mário Celso Rodrigues



Foto Flight Aware















Rua Capitão Paulo,
da casa a varanda era o palco
de brincadeiras e sonhos,
condutor de locomotivas,
ou quem sabe aviador?
Num cepo de madeira, duas manivelas,
eram freio e acelerador;
na boca um zumbido estranho
imitava o ronco do motor.
Não havia confusão – às vezes era um trem,
de quando  em quando um avião.

Na estrada do Engenho Novo;
padaria nova inaugurou.
E, quando dava na veneta
Dia amanhecendo – sol vermelho no arrebol
Feliz ia correndo – dinheiro enrolado na mão
Comprar um litro de leite
E um saboroso e quentinho pão.

Meu irmão, que implicante era,
pegava no pé, sem tréguas sequer.
Em cerradas e infantes disputas
Mais velho e mais forte eu tinha que ser,
mais forte e esperto queria ele o poder:
-Meninos parem com isso -
Enérgica e doce de minha mãe era a voz...
Depois de dura carraspana,
voltava à velha máquina de costura,
pois n’alguma calça quase pronta
tinha que terminar o “cós”.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

HABACUQUE - Israel Belo de Azevedo

                                            
                                          
  
Ainda que a vida hoje não floresça,
partida por perda que traz do abismo a beira,
roída na raiz pela dor da doença,
que prontidão atenta e absoluta requeira.

                  Ainda que entre os meus, a dissonância cresça,
                  minha alma se seque como estéril figueira.
                  Do que tenho apenas reste uma rala esteira,       
                  e meu próximo momento eu não conheça.

Eu orarei ao Pai para que me sustenha,
eu esperarei que seu sustento me venha,
até que Ele me sussurre suas respostas.

                  Porque sei que toda a minha angústia Ele sente,
                  porque sinto que comigo Ele está presente,
                  Eu agora me lanço sobre suas costas.

sábado, 6 de setembro de 2014

CANÇÃO DO EXÍLIO - Antonio Gonçalves Dias



Minha terra tem palmeiras,
onde canta o sabiá.
As aves que aqui gorjeiam,
não gorjeiam como lá.

                             Nosso céu tem mais estrelas,
                             nossas várzeas tem mais flores,
                             nossos bosques tem mais vidas,
                             nossa vida mais amores. 

                                                                         Em cismar sozinho à noite.
                                                                         Mas prazer encontro eu lá,
                                                                         minha terra tem palmeiras
                                                                         onde canta o sabiá.
 
Minha terra tem primores,
que tais não encontro eu cá,
em cismar sozinho a noite,
Mas prazer encontro eu lá.

                                     Minha terra tem palmeiras,
                                     onde canta o sabiá.

                                                                          Não permita Deus que eu morra,
                                                                          sem que eu volte para lá.
                                                                          Sem que desfrute os primores,
                                                                          que não encontro por cá.

Sem que inda aviste as palmeiras,
onde canta o sabiá.  

A PÁTRIA - Olavo Bilac


 Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
 Criança! não verás nenhum país como este!
 Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
 A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
 É um seio de mãe a transbordar carinhos.
 Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
 Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
 Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
 Vê que grande extensão de matas, onde impera
 Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
 Boa terra! jamais negou a quem trabalha
 O pão que mata a fome, o teto que agasalha…
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
 Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
 Criança! não verás país nenhum como este:
 Imita na grandeza a terra em que nasceste!

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

DESCIDA DE CRISTO EM CAMPINA GRANDE - Mário Celso Rodrigues

Inspirada no poema de Gióia Jr. “Descida de Cristo em São Paulo




Tendo resolvido
que deveria descer em Campina Grande ,
assim pensou e assim fez.
Não escolheu, no entanto,
o Parque do Povo ou o Açude Novo
que é onde se realizam os grandes comícios
e as grandes concentrações.
Não fez nenhuma propaganda no rádio, na televisão e nos jornais.
Não viu nenhuma necessidade em preparar a campanha de sua vinda
com frases de “suspense”:
“ele vem vindo, logo ele vem, aguardem a sua vinda”,
simplesmente dispensou todos esses artifícios.
Não quis cores vermelhas ou amarelas ou lilazes
nos disseminados cartazes de “out door”,
ficaria mal ao lado de anúncios “da Caranguejo e da Vogue”.
Nem mesmo volantes em papel-jornal amarelo e cor-de-rosa aceitou.
E resolveu que viria só,
nada de secretários e grupos de preparação
e equipes de propaganda
e pequenos coros de anjos de gravatas borboletas
e orquestras sanfônicas e bandas de forró.
Veio só.
Veio com seus próprios recursos,
 pela sua própria força,
sem se utilizar de luxuosos jatos executivos
ou de farfalhantes e nervosos helicópteros.
Não deu nenhuma volta espetaculosa no céu azul
e ensolarado da cidade, não aceitou chuva de pétalas de rosas
nem papéis picados doirados e prateados,
holofotes e desfiles.

Desceu anonimamente
no bairro do Jeremias
e foi conversar com os moradores
que comentavam as novelas e coisas do cotidiano
 à porta de casa, após o almoço,
(Será preciso esclarecer que Ele falava nordestinês
 sem sotaque aramaico?)
As donas de casa nem de leve o confundiram
com os camelôs da política, que fazem proselitismo
às vésperas das eleições,
nem com os que vêm para semear discórdia ou ódio.

Como os seus irmãos camponeses
dois mil anos atrás,
caíram de joelhos e ficaram maravilhados.
E reiniciaram, com aquele mesmo entusiasmo
do Cristianismo primitivo
o anúncio ao mundo do Evangelho sempre novo
como no passado.

Antes de ir ao Catolé, Mirante ou Alto Branco,
Cristo falou primeiro aos simples.
E como lembrança Campinense dessa visita de Jesus,
o povo que andava em trevas,
viu uma grande luz!!!

domingo, 1 de junho de 2014

A Paineira - Mário Celso Rodrigues

Não estavas na parábola de Jotão...
Eras uma paineira-Ceiba speciosa -
assim os da ciência te chamam, sem
valor para o vil metal... Não eras, do
Líbano, o cedro. Teus galhos, aos sabiás,
não ofereciam conforto tal os imponentes Jatobás.

Não importa como na beira da estrada tu foste nascer... Florescer!
Na densa floresta, ao lado das nobres ou dos humildes
arbustos... Mesmo adornada pela generosidade outonal,
não alcançarias reconhecimento... Triste seria teu fenecer.

Domingo ensolarado... Em alguns outros e, mais outros...
Tua sombra, na beira da estrada, revigora a certeza do porvir.
Servos... Filhos do mesmo que te criou, na proteção de suas copas,
a Deus louvores entoou... As boas novas ressoou...

Já não mais existes, o cruel progresso te derrubou...
Não respeitaram nem mesmo tua idade...
Paineira, pela providencia, na beira da estrada
grande foi teu valor, lá o Senhor te plantou.

Não mais sob as copas de frondosa árvore...
Mas em templo erguido, Deus tem sido louvado,
A salvação que só há em Cristo, proclamado...
No bairro, a cada dia, as portas do inferno aniquilado.  



Poema escrito em alusão a uma árvore (paineira), onde, debaixo de seus galhos se deu início a Primeira Igreja Batista do São João – Guarulhos.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Em meu lugar - Jilton Morais

















EM MEU LUGAR

Pesada cruz às costas,
esbofeteado, caído, ...
sem mais poder andar...

Chegando com a cruz ao Calvário,
sofrido, cansado, ensanguentado,
para assim morrer em meu lugar...
Pregado ao madeiro por mãos ímpias,
blasfemado, insultado, injuriado...
Ele assume o meu lugar.

Cravos a traspassar seu corpo,
braços estendidos,
mãos feridas, pés feridos,
Ele sofre pra me salvar...

Assim esteve no Calvário
Jesus, meu Senhor!
Perdão pediu pra os algozes,
salvou o malfeitor penitente,
silenciou os insultos,
fez do centurião um crente.

Quanta dor Ele sofreu,
até poder ao Pai falar:
“Consumado Está!”
Era o meio de eu me reconciliar
com Deus;
de o seu perdão obter...
Era a minha salvação,
sendo providenciada.

Quando penso no Calvário,
no Cristo que ali sofreu,
sou-lhe mais e mais agradecido
porque aquele lugar era meu.

 



Do livro: Ilustrações e poemas para diferentes ocasiões
De Jilton Morais

sexta-feira, 21 de março de 2014

Pão sobre as águas - Israel Belo de Azevedo


 "Lançar o meu pão sobre as águas ignotas
 para ser tomado pelo bico das gaivotas?
 Lançar o meu pão sobre as águas revoltas
 onde serão apenas minúsculas migalhas soltas?

 Lançar o meu pão sobre as águas imundas
 de onde baixarão para as trevas profundas?
 Lançar o meu pão sobre as águas imensas
 que o conduzirão para distâncias densas?

Nada sei sobre o destino das águas
 porque não sei como as ondas se formam
 como não sei onde os ventos se reformam
 como não sei o que as nuvens portam
 como não sei porque as trevas assim se comportam.

Sei que vou recolher o meu pão lançado
 mesmo que pelas gaivotas bicado,
 mesmo que pelas pedras esmigalhado,
 mesmo que pelo óleo manchado,
 mesmo que da viagem cansado,
 porque confio na Palavra plena de Deus
 que me manda meu pão sobre as águas lançar,
 eis que Seus projetos são melhores que os meus,
 pelo que Sua sabedoria quero tão somente alcançar".

segunda-feira, 3 de março de 2014

Cristo dos humildes - Gióia JR.

Cristo dos humildes,
        dos necessitados,
                dos desiludidos,
                        dos desamparados, 
                                das empregadinhas
                                e das lavadeiras,
                                        dos meninos órfãos
                                        e das mães solteiras -
O R A   P O R   N Ó S!

Cristo das angústias
        e das muitas penas,
                das viúvas pobres
                        e das Madalenas
Cristo que alimenta
        novas esperanças,
                Cristo que apresenta
                bem-aventuranças -
C H O R A   P O R    N Ó S!

Cristo que padece
        numa cruz maldita,
                Cristo que adormece
                        e que ressuscita,
                        Cristo que carrega
                        nossa dura carga
                                e que bebe o fel
                                numa esponja amarga -
M O R R E   P O R    N Ó S!

Cristo que foi visto
ressurreto e forte,
Bem-amado Cristo
que derrota a morte,
Cristo que proclama
num canto de glória:
"Onde está, ó morte
a tua vitória?" -
VIVE POR NÓS!

Cristo dos milagres
e das orações,
das curas divinas
e ressurreições,
e da Professia
que ressoa ainda,
prometendo o dia
Da segunda Vinda!
VOLTA  PRA NÓS!!!