
Não mais verei, seus
olhos não mais me chamarão a atenção por algum deslize que eu tenha cometido,
nas tardes frias não mais o calor de sua voz me oferecendo uma bebida quente.
– Meu filho acabei de passar um café pra você, fiz
também um bolo, eu sabia que você viria...
Nossas conversas, seus conselhos não mais terei... Não me ouve...
Não me vê... As delícias do paraíso onde hoje ela está são bem além do que
posso imaginar. Nestas minhas lembranças de um final de tarde... fria tarde, de
meus olhos correm gotas de saudades, doces saudades... limpas e livres saudades, sem as manchas do
remorso e nunca presa a algum sombrio passado.
Saudades esperançosas do reencontro... Inda
infante, com o “Manual da Vida”, que chamamos também de Escrituras Sagradas, outros a definem como Bíblia Sagrada e, ela de uma forma reverente intitulava de – A Palavra de Deus, em suas mãos ainda firmes,
nos ensinava a amar a Deus e o quanto Jesus Cristo sofreu para nos assegurar a
vida eterna... Não mais sou infante, mas, tenho a certeza de que seus ensinos
me tem valido, no dia a dia tenho comprovado tudo o que por ela me foi
ensinado... “Um dia nos encontraremos na eternidade e juntos entoaremos
louvores a Quem nos criou e por amor à terra desceu”.
Suas palavras firmes com
voz firme... Já não tão firme... Já trêmula em seus últimos dias... A certeza
do que dizia brilhava em seus olhos opacos... Para o mundo seus olhos agora
fechados. Mas, radiava em sua fisionomia o quão feliz era estar junto do Pai,
nas ruas de ouro com os arcanjos celestiais... Dela me despedi, na terra, não
mais a verei –minhas tardes serão frias, minhas noites gélidas... Até um dia no porvir.