( Dedicado a mim
mesmo, Silvino Netto, nas horas de vôo, na dor da solidão dos sonhos)
Acordei, hoje,
de meus sonhos da noite,
E me
encontrei na realidade da dor do dia de
sonhador.
O sonhador tem
seus momentos de dor,
De “sofridão”,
daqueles que se dão.
O sonhador sente a dor da solidão!
Aquela
sensação de quem se arrisca, sozinho, nas alturas,
Incorporando
sonhos de tantos.
Não quero a
solidão da noite fria do vôo solitário.
(Uma andorinha
só, não faz verão).
Não quero as
asas artificiais de Ícaro,
Para voar só,
no vôo perigoso de alcançar o sol.
Quero
aquecer-me no diálogo da solidariedade.
Quero voar em
V,
Com meus pares, em bando, rasgando os céus,
Em passes de
danças e coreografias,
Permutando
lideranças,
No palco dos
céus de azul ou mesmo em turbulências.
Quero
compartilhar, no ninho das nuvens,
Com pombas da
paz e águias da liberdade
Revendo rumos
e rotas, na experiência de vôo de outros.
O sonhador
só, sente a dor
Da força do
vento contrário
E se angustia
por não querer perder o seu destino.
O sonhador
sente a dor
De ver,
do alto, homens, apenas formigas,
Que se conformam em subir montanhas, sem rumo,
Ou na
escavação de túneis,
Para
esconder-se na escuridão da terra.
Ciscam,
acomodam-se em ocas, no seu quadrado
2x2,
E
realizam-se na busca de minhocas.
São homens,
com dna de vôo,
Mas não criam
asas para alcançar as alturas
- A razão de
sua existência.
O sonhador
sente a dor de ver o horizonte distante,
Como se nunca
fosse chegar ao seu destino.
O sonhador
sente a dor do medo,
De perder-se
no infinito,
De entrar
em looping no buraco negro.
O sonhador
sente a dor dos grunhidos dos que ficam na terra,
Zombando dos
que voam,
No coro da mesmice, dos que não acreditam no futuro.
O sonhador
sente a dor dos tiranos,
Matadores de
sonhos, de utopias,
Caçadores dos
que sonham para o além.
O sonhador
sente a dor
Do peso das
asas e dos pés descalços, sem descanso,
Da falta do
chão para um pouco de repouso.
O sonhador
sente a dor de estar sempre acordado,
Vigilante no
enfrentamento da nuvem negra,
Que impede a
visão do painel de vôo.
Sente a dor
dos raios cortantes que eletrizam a alma,
Do clarão que
lhe ofusca os olhos
E do trovão
que estremece seu corpo frágil.
O sonhador
sente o frio cortante e constante
Que congela
seus sonhos, por um pouco,
Até que venha
o seu verão de sol aquecedor,
Combustível
para uma nova estação de vôo.
Mas, ainda
que carregue a dor de seus sonhos,
O sonhador,
não desiste de voar.
Voa na força
de Fenix, dos que confiam no Senhor,
Para renovar
as forças, viver muito
E, depois,
ressuscitar das cinzas,
Nos seus
próprios sonhos e de seus outros pares.
Reabastece-se
no prazer da luta, ao superar obstáculos;
Ao ver o
invisível; ao conquistar novas terras e céus;
Ao poder voar
nos ares; sobre mares;
Ver o sol de
perto, o céu aberto;
Banhar-se no
brilho das estrelas;
Provar, na
lua-cheia, seu sabor de mel;
Ver, no microscópio do universo,
A
biodiversidade da terra em multicores.
O sonhador, ao transformar seu sonho em realidade,
Sente o prazer
de superar a dor
Que carregou
em sua longa jornada de vida.
O prazer de
ser contestador, conhecedor,
Provedor, curador, agregador, inquiridor,
Pesquisador,
inovador, articulador, mobilizador, conquistador ...
O SONHADOR,
REALIZADOR, É UM VENCEDOR!
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