(Silvino Netto em balanço de fim de ano)
Abro o livro de minha vida
Para fazer o exame de contas de fim de ano.
Verifico que o termo de abertura
É uma oração de Noite de Vigília
- Pedidos e promessas.
Pedi tanto e prometi
muito mais!
Noto, no entanto,
Que as entradas são maiores do que as saídas.
No caso, o saldo é devedor,
Porque acumulei o que foi dado para dar.
Será que ingenuamente pensei
Que, acumulando bênçãos para mim mesmo,
Estava fazendo saldo médio no Banco de Deus?
Mais um erro de cálculo:
O que ganhei, emprestei aos outros,
Com juros e correção monetária.
Esperava que os outros me devolvessem bem mais
Do que lhes dava.
Sou um péssimo, financista, Senhor!
Todas as vezes que ia ao teu Banco para sacar
(e precisava de um carro forte para transportar as tuas
bênçãos)
Lia os cartazes que a tua gerência colocava:
Ajuntai tesouros nos céus...
Eu sempre tive medo de investir!
Poderia necessitar de uma hora para outra, e...
Não gostava da ideia de depositar
E ainda esperar os meses de carência.
Para mim, era dinheiro parado.
Eu queria ver a aplicação crescer ,
Mas, crescer no meu bolso,
Onde estava o depósito do meu coração.
Hoje reconheço que fiz mau negócio.
Não se pode poupar sem dar.
E nós dois saímos perdendo
Porque desvalorizei a moeda do teu Reino!
Estas “sobras” do saldo devedor
Tornam-se em maldição,
Como as moedas de Judas,
Que se jogadas no templo,
Nem assim poderiam sepultar a consciência pesada.
Senhor, não adianta dar pedaladas,
É jogar o débito para o próximo ano ...
O jeito é fechar o balanço,
Jogando o saldo devedor em perdas e danos.
Preciso de teu perdão
E crédito para começar um ano novo.
Quero andar contigo, duas milhas ou mais,
Para conter a inflação
E fazer os cortes de mordomia.
Recebe, Senhor,
A confissão que te faço
Não como um simples remorso,
Mas um pedido de perdão
Num termo de abertura sincero e consciente,
De quem deseja restituir quadruplicadamente
As dívidas do passado,
O saldo devedor
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