
essa chaga perene, esse ferido rosto
diante de minha vida, a mostrar, passo a passo,
o quanto ele me fez e o pouco que Lhe faço!
Oh! rosto sofredor, olhar parado e enxuto,
olheiras de um lilás de permanente luto,
boca semifechada a guardar na aflição
uma frase de amor, um hino de perdão!
Lacerações da dor, vestígios do transporte:
cabelos cor de sangue e pele cor de morte.
Oh! rosto meigo, oh! rosto amado, oh! rosto triste!
Os males que sofreste e as dores que sentiste
pesam dentro de mim, nesta hora vazia
de luta e indiferença e inveja e hipocrisia!
Oh! não Te posso olhar! Envolva-Te o sudário!
Desça a cortina e encerre o drama do Calvário!
Quero esquecer... quero fugir... quero... Ah! Senhor,
que ingrato sempre fui, que grande pecador!
Como posso esquecer esse rosto que tanto
sofreu por meu amor?!...
Aceita este meu pranto
cheio de mágoa e dor e humildade e aflição,
como prece sincera a Te implorar perdão.
Que eu sempre possa ver, em momentos como este,
o pouco que Te faço e o muito que sofreste!
E eu eu possa fugir aos laços do pecado,
vendo-Te junto a mim,
Oh! rosto ensanguentado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário