terça-feira, 29 de dezembro de 2015

QUANDO O SALDO É DEVEDOR - Silvino Netto


(Silvino Netto em balanço de fim de ano)
 
Abro o livro de minha vida
Para fazer o exame de contas de fim de ano.
Verifico que o termo de abertura
É uma oração de Noite de Vigília
- Pedidos e promessas.

Pedi  tanto e prometi muito mais!
Noto, no entanto,
Que as entradas são maiores do que as saídas.
No caso, o saldo é devedor,
Porque acumulei o que foi dado para dar.

Será que ingenuamente pensei
Que, acumulando bênçãos para mim mesmo,
Estava fazendo saldo médio no Banco de Deus?
Mais um erro de cálculo:
O que ganhei, emprestei aos outros,
Com juros e correção monetária.
Esperava que os outros me devolvessem bem mais
Do que lhes dava.

Sou um péssimo, financista, Senhor!
Todas as vezes que ia ao teu Banco para sacar
(e precisava de um carro forte para transportar as tuas bênçãos)
Lia os cartazes que a tua gerência colocava:
Ajuntai tesouros nos céus...
Eu sempre tive medo de investir!

Poderia necessitar de uma hora para outra, e...
Não gostava da ideia de depositar
E ainda esperar os meses de carência.
Para mim, era dinheiro parado.
Eu queria ver a aplicação crescer ,
Mas, crescer no meu bolso,

Onde estava o depósito do meu coração.
Hoje reconheço que fiz mau negócio.
Não se pode poupar sem dar.
E nós dois saímos perdendo
Porque desvalorizei a moeda do teu Reino!

Estas “sobras” do saldo devedor
Tornam-se em maldição,
Como as moedas de Judas,
Que se jogadas no templo,
Nem assim poderiam sepultar a consciência pesada.

Senhor, não adianta dar pedaladas,
É jogar o débito para o próximo ano ...
O jeito é fechar o balanço,
Jogando o saldo devedor em perdas e danos.
Preciso de teu perdão
E crédito para começar um ano novo.
Quero andar contigo, duas milhas ou mais,
Para conter a inflação
E fazer os cortes de mordomia.
Recebe, Senhor,
A confissão que te faço
Não como um simples remorso,
Mas um pedido de perdão
Num termo de abertura sincero e consciente,
De quem deseja restituir quadruplicadamente
As dívidas do passado,

O saldo devedor

sábado, 26 de dezembro de 2015

SOLIDÃO DO SONHADOR - Silvino Netto

                                                  
               ( Dedicado a mim mesmo, Silvino Netto, nas horas de vôo, na dor da solidão dos sonhos)


Acordei, hoje, de meus sonhos da noite,
E me encontrei  na realidade da dor do dia de sonhador.

O sonhador tem seus momentos de dor,
De “sofridão”, daqueles que se dão.
 O sonhador sente  a dor da solidão!
Aquela sensação de quem se arrisca, sozinho, nas alturas,
Incorporando sonhos de tantos.

Não quero a solidão da noite fria do vôo solitário.
(Uma andorinha só, não faz verão).
Não quero as asas artificiais de  Ícaro,
Para voar só, no vôo perigoso de alcançar o  sol.
Quero aquecer-me no diálogo da solidariedade.
Quero voar em V,
Com meus  pares, em bando, rasgando os céus,
Em passes de danças e coreografias,
Permutando lideranças,
No palco dos céus de azul ou mesmo em turbulências.
Quero compartilhar,  no ninho das nuvens,
Com pombas da paz e águias da liberdade
Revendo rumos e rotas, na experiência de vôo de outros.

O sonhador só,  sente a dor
Da força do vento contrário
E se angustia por não querer perder o seu destino.
O sonhador sente a dor
De  ver,  do alto,  homens, apenas formigas,
Que se  conformam em subir montanhas, sem rumo,
Ou na escavação de túneis,
Para esconder-se na escuridão da terra.
Ciscam, acomodam-se em ocas,  no seu quadrado 2x2,
E realizam-se  na busca de minhocas.
São homens, com dna de vôo,
Mas não criam asas para alcançar as alturas
- A razão de sua existência.

O sonhador sente a dor de ver o horizonte distante,
Como se nunca fosse chegar ao seu destino.
O sonhador sente a dor do medo,
De perder-se no infinito,
De entrar em  looping no buraco negro.

O sonhador sente a dor dos grunhidos dos que ficam na terra,
Zombando dos que voam,
No coro  da mesmice, dos que não acreditam no futuro.

O sonhador sente a dor dos tiranos,
Matadores de sonhos, de utopias,
Caçadores dos que sonham para o além.

O sonhador sente a dor
Do peso das asas e dos pés descalços, sem descanso,
Da falta do chão para um pouco de repouso.

O sonhador sente a dor de estar sempre acordado,
Vigilante no enfrentamento da nuvem negra,
Que impede a visão do painel de vôo.
Sente a dor dos raios cortantes que eletrizam a alma,
Do clarão que lhe ofusca os olhos
E do trovão que estremece seu corpo frágil.
O sonhador sente o frio cortante e constante
Que congela seus sonhos,  por um pouco,
Até que venha o seu verão de sol aquecedor,
Combustível para uma nova estação de vôo.

Mas, ainda que  carregue a dor de seus sonhos,
O sonhador, não desiste de voar.
Voa na força de Fenix, dos que confiam no Senhor,
Para renovar as forças,  viver muito
E, depois, ressuscitar das cinzas,
Nos seus próprios sonhos e de seus outros pares.
Reabastece-se no prazer da luta, ao superar obstáculos;
Ao ver o invisível; ao conquistar novas terras e céus;
Ao poder voar nos ares; sobre mares;
Ver o sol de perto, o céu aberto;
Banhar-se no brilho das estrelas;
Provar, na lua-cheia,  seu sabor de mel;
Ver,  no microscópio do universo,
A biodiversidade da terra em multicores.

O sonhador,  ao transformar seu sonho em realidade,
Sente o prazer de superar a dor
Que carregou em sua longa jornada de vida.
O prazer de ser contestador, conhecedor,
Provedor,  curador, agregador, inquiridor,
Pesquisador, inovador, articulador, mobilizador, conquistador ...

O SONHADOR, REALIZADOR, É UM VENCEDOR!

sábado, 12 de dezembro de 2015

QUANDO EU MORRER - Silvino Netto


                                 
         (Aos meus amigos que morrerem depois de mim)
                                                      Silvino Netto – 01.05.08
Quando eu morrer,
Quero uma festa para celebrar a vida!
Quero uma cerimônia repleta de amigos
E familiares.
Não quero ter pressa de dar adeus
Enquanto presente em corpo frio.

Não faço questão de flores e coroas.
Flores de funeral, murcham logo
E cheiram diferente do perfume
Das flores de eventos festivos.
Quero você presente
Como adorno e aroma de que preciso
Para celebrar os muitos dias de vida
Que vivi, intensamente.

Quando eu morrer,
Quero que você
Traga consigo suas lágrimas
Para derramá-las sobre mim.
As lágrimas são expressões
Lindas de nossos sentimentos
Mais profundos e significativos.
Não quero ver somente
Mulheres chorando.
Quero ver homens, também.
Homem também chora!
Têm sentimentos!
Portanto, chore lágrimas,
Mesmo que não rolem na face,
Que sejam apenas, lágrimas secas
Brotantes do impulso de soluços,
Do íntimo da alma,
Que só você sabe
O quanto significam.

Quando eu morrer,
Aproveite a oportunidade
Para rever e abraçar amigos
Que não os via há muito tempo!
Fique à vontade para abraçá-los
De seu jeito espalhafatoso e brincalhão.
Eu não vou pensar
Que é falta de respeito a mim,
Seu  morto querido.
Só não faço o mesmo porque não posso.
Iria causar um corre-corre tremendo
E matar muita gente do coração...
Com os amigos,
Recordem o que tínhamos em comum,
As nossas diferenças e semelhanças.
Faça desta festa de minha morte
Um evento alegre
De encontros e abraços saudosos
Que selem compromissos
De não esperar o próximo enterro
Do outro
Para se encontrarem novamente.

Quando eu morrer,
Quero que você venha
E traga no coração sementes de saudade.
Que coisa linda
O sentimento da lembrança do amigo...
A vontade forte de que ele não se vá...
Que fique; fique perto,
Bem perto para sempre!
Sua saudade trazida
É uma prova do quanto você
Me  amou profundamente.

Quando eu morrer,
Não se preocupe
Com a roupa que vai vestir.
Não precisa tirar do armário,
Aquelas vestes escuras,
Com cheiro de mofo ou  de sachê.
Venha no seu próprio estilo:
Com brilho, sem brilho ou multicor...
Não importa.
Lembre-se que sou tricolor!

Quando eu morrer,
Não precisa perder a noite toda
No velório.
Alguém vai ficar cuidando
Para o “morto” não sumir (rrss).
Descanse e, no máximo,
Sonhe comigo, sem ter pesadelos.
Mas, na hora da festa,
Não chegue atrasado,
Em cima da hora.
Venha mais cedo para me curtir
Na presença deste corpo
Que você não verá mais
(pelo menos aqui na terra).
Nem fique indeciso
Preocupado com as coisas que deixou
Sobre a mesa de trabalho,
Sem saber, se fica ou não fica,
Até o último momento
Do sepultamento.
Me acompanhe, andando passo a passo,
Até à sepultura.
E, se for de sua cultura,
Jogue suas últimas pétalas sobre mim.

Quando eu morrer,
Eu quero que você cante.
Uma festa só é festa
Se tiver muita música boa no ar
Que expresse o perfeito louvor.
Cante, porque faz bem:
Espanta os males,
Abre espaço no seu coração
Para o pouso da paz,
E faz caminho para o bálsamo da consolação...

Quando eu morrer,
Eu quero que o seu sorriso
Esteja presente na minha despedida.
Sorria, acompanhado
De um breve “até logo”.
Sim, porque você, também, está na fila.
Não pense que vai
Ficar, pra sempre, pra semente.
Mais cedo ou mais tarde,
Estará, aqui, no meu lugar.

Quando eu morrer,
Olhe para mim,
Mas não precisa dizer nada.
Eu sei que você vai me achar
O morto mais bonito que já viu,
Que estou sereno,
Dormindo como um pássaro,
Sonhando o sonho dos anjos...
É verdade:
Eu estou vivo, como nunca!
Sei que você se lembrará
Apenas de minhas virtudes,
Sepultará minhas falhas
Com o seu perdão,
Prova o quanto gosta de mim,
Apesar de mim mesmo.
  
Quando eu morrer,
Ao tocar o sino,
Anunciando que chegou a hora
De me sepultar,
Não brigue por chegar primeiro
Para carregar a alça de meu caixão.
Se não conseguir vencer,
Esta “briga de machão”,
Fique satisfeito, com a certeza,
De que me carregará para sempre
No berço de seu coração.

Quando eu morrer,
Despeça-se de mim,
Na certeza de nos encontrarmos um dia,
No mistério da ressurreição,
Pela graça de Deus
Que nos deu a dádiva da vida;
Pelo amor de Cristo,
Que morreu por nós,
Para celebrarmos, na morte,
A vitória da vida,
E vida eterna!

Quando eu morrer,
Se não puder vir,
Não fique com sentimento de culpa
E nem pense que volto, para dar o troco,
Puxando-lhe o pé.
Se não fizer nada disso que sugeri,
Basta que reserve um tempinho,
Onde estiver,
Para refletir sobre a vida,
Sobre as suas prioridades
E o quanto é importante
Cultivar amizades
E cuidar de você.

Quando eu morrer,
Eu gostaria que fosse assim!
Mas, não faça nada,
Simplesmente, por mim.
Faça, o que fizer, principalmente,
Bem a você!


PS.  Tudo que escrevi e disse,
Vale, também, se, mais tarde,

Decidir ser cremado.  

sábado, 28 de novembro de 2015

ÁGUAS AMARGAS DO RIO DOCE - Silvino Netto

(Silvino Netto, na crise moral do Brasil, 2015)

As lamas da barragem que se rompe,
Atingem o leito de minha alma
E me levam sem rumo rio abaixo...

Provo as águas amargas do Rio Doce,
E vou levado na enxurrada sem destino,
Submerso num mar de lamas, fétido, tóxico...
Vou impotente, sem forças,
Nas ondas lamacentas,
Tentando, enquanto vou,
Abraçar-me  às pedras da esperança,
Agarrar-me aos galhos da justiça,
Em trancos e barrancos me apego aos troncos,
Às raízes dos princípios  e valores,
Que encontro nos manguezais,
Para não deixar afogar a minha fé...
No agito das ondas de um rio feito amargo,
Encontro parceiros impotentes que se vão sem forças,
Animais que boiam e se afogam
Na correnteza sem fim,
De lama cor de  sangue carmesim...
Bebo as águas de Mara,
No gosto de fel do Rio Doce de Mariana,
Esta lama de corruptos
Que tornam amargas as águas de minha Pátria!
Quero unir-me às vozes proféticas, corajosas,
Para combater este mar de lamas de corrupção,
Lançar nas águas amargas o tronco
Com as raízes dos princípios éticos, divinos,
Para recuperar o Rio Doce,
Uma nova nação, transparente, cristalina!
Minha Pátria Brasil!

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Sabiá Laranjeira - Mário Celso Rodrigues


Ao meu amigo maestro  Paulo Tomchaca

Meu pássaro predileto...
Parece haver algo em comum
entre eu e o Sabiá, sempre nos demos muito bem...
Sabiá e eu ou eu e o Sabiá,
com detalhes não sei explicar, mas,
seu cantar no fim da tarde tem sempre uma finalidade...
Medito, escrevo; a noite vem e nem percebo.
No arrebol desponta o sol
e nos galhos das muitas árvores me saúda
o Sabiá Laranjeira em bemol... Sustenido...
No alegro percebo, temos algo em comum,
eu poeta, ele tenor...
Juntos e felizes louvamos o Grande Criador.

domingo, 13 de setembro de 2015

A Caridade - Gióia Jr.

I Coríntios 13

Se eu soubesse falar a linguagem dos santos
e a dos homens também; se dons tivesse tantos...
não tendo caridade, os mais preciosos dons
seriam como o bronze a desfazer-se em sons;
como um címbalo estranho, eu louco vibraria.
Se a mim me fosse dado o dom da profecia;
se a minha poderosa e viva inteligência
retivesse em seu cofre os mistérios da ciência;
se eu tivesse em meu peito a fé viva e sagrada,
não tendo a caridade, eu não teria nada.

Se, em gesto de renúncia, em atitudes nobres,
meu haveres, meus bens eu desse para os pobres;
se, em sacrifício ideal e intenção verdadeira,
entregasse o meu corpo às línguas da fogueira,
porém, sem caridade, em maneira impensada,
minhas dores cruéis não valeriam nada.

Longânima e benigna e sem jactância e sem
esse ar sacrificial e sofredor de quem,
oferecendo, busca, e, ofertando, deseja,
ela é sem interesse e também sem inveja.
Não se ira, não suspeita a santa caridade,
abomina a injustiça e proclama a verdade.
Seu seio é, para o bem, o mais precioso cofre;
tudo suporta, crê, espera e tudo sofre.
Se existe profecia, o seu dia aparece
e ela se cumpre. É como a flor, vive e fenece;
se existe língua, um dia, arde como os incêndios,
e outro dia, se faz nas cinzas dos compêndios.

A ciência é um edifício, um mundo que desaba,
porém a caridade, essa jamais se acaba!
Em parte vemos hoje e expomos o conceito,
mas um dia virá em que, tudo perfeito,
o que hoje o mundo vê de um modo parcial,
amanhã, poderá ver na forma total...
Um dia eu fui menino, o mundo pequenino
que eu via era somente um mundo de menino...
hoje compreendo mais e desde que, sereno,
meço e observo, deixei as coisas de pequeno.
Hoje é como se a nossa ilusão se espelhasse,
mas, um dia, porém, veremos face a face.
E o que conheço em parte (a parte que hei vivido)
conhecerei por fim como fui conhecido.
Se ainda os homens estão corajosos, de pé,
devemos à Esperança e à Caridade e à Fé.
Permanecem as três virtudes, na verdade,
mas a maior das três se chama: "A Caridade"!


Poema escrito por Gióia Jr. no ano de 1949




quinta-feira, 20 de agosto de 2015

As notas de teu olhar - Mário Celso Rodrigues



No de repente de uma  angustia... Do nada surge uma canção.
Envolvente melodia  que de manso transforma sentimentos,
brisa morna em noite gélida... Aquece...Conforta, toca na emoção.
Nos transporta aos sonhos de outrora a canção que hora nos embala.

Nos braços das notas musicais somos conduzidos,
não mais as bravias ondas da aflição...O clima glacial que amordaça.
Agora o calor que brilha nos olhos, o coração em curtos saltos
como que em brincadeiras de criança nos floridos jardins da praça.

Não importa a escala das notas... Importa teu olhar sereno
buscando o afeto e o calor de meu  sentimento...
O mais puro, a certeza do meu amor pleno.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Minha Escolha! - Tereza Wilhelm




Eu elegi ao Deus que em tudo me fascina
De atos arrojados a coisas pequeninas.
Ele está no raiozinho do luar de prata
Também no pipilar dos pássaros na mata,
No sussurro da brisa quando morre o dia
E o crepúsculo em si, doce melancolia.
Achei-O no crispar das vagas ululantes
Nas batalhas do mar bravio, estonteante.
No vendaval que acoita e estremece a cidade,
No estalar do trovão em meio a tempestade.
Faz-se presente até no murmúrio da fonte,
E nas cascatas de luz da neve sobre o monte.
Esta' em todo lugar em todos os momentos,
Quem pode compreender Seus muitos pensamentos?
Deixei-me cativar; busquei o Seu abrigo,
Fiz d'Ele meu Senhor, meu Rei e meu Amigo.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Homem Feliz - Mário Celso Rodrigues


         Por ser um homem feliz em dias de angústias, sou grato a Deus em ter nascido em um lar onde Jesus Cristo era o primeiro e habitava no coração dos que me geraram... As lágrimas que agora rolam de mansinho pela minha surrada face, tem em suas gotas a expressão da saudade e em sua constância os momentos da felicidade.


     Sou um homem feliz mesmo quando a borrasca se agiganta...Rolam lágrimas de manso pela minha face surrada, são doces saudades que brotam quando na lembrança vem a história de um povo escolhido que atravessa todo um mar sem nem mesmo os pés molharem. Aumentam as lágrimas quando me vem a lembrança a voz de quem as contava.

     Sou um homem feliz mesmo quando na mesa não há pão... Nunca faltaram, só suposição... O mesmo dito de um certo profeta que em sua oração dizia nunca deixar de glorificar e exultar o Deus de sua salvação... Escutei deles esta que ainda hoje é minha predileta leitura.

     Sou um homem feliz pois aprendi desde muito cedo que jamais o mundo melhoraria, já era mau em seus dias,  que  cresceríamos - não sou só, choro e oro por alguém que as mesmas histórias, deles escutou – Que a razão da maldade era desde o Gênesis  e que em Apocalipse tudo iria mudar... Dos olhos de minha mãe lágrimas desceram quando a vida do Salvador... Seu nascimento... Vida... Morte e ressurreição ela nos narrou.

     Sou um homem feliz porque tenho certezas...  Aprendi em tenra idade o caminho certo e, jamais me desviarei dele.  Não me importa a maldade do mundo, não me interessa a ganancia dos governos que oprimem... Tenho uma certeza e conheço as promessas daquEle que por mim sofreu... morreu... ressurreto é, que enquanto na terra eu estiver, é meu amigo e enxuga as terríveis lágrimas da tristeza ou amargura que pela minha surrada face queira correr...   
     
     Sou um homem feliz porque de minha infância tenho saudades, eram doces as histórias que meus pais contavam, eram história plenas do amor daquEle que nos criou ."Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele"(Provérbios 22:6).

     Sou um homem feliz porque houveram momentos de disciplina – jamais me esquecerei da fina vara da goiabeira – “ O que retém a vara aborrece seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Provérbios 13: 24).


     Eles partiram, não mais ouvirei suas histórias, suas aventuras e a mão operosa de Deus sobre suas vidas, os milagres, as lágrimas de suas tristezas enxutas pelo Pai... As lágrimas de suas alegrias pelas orações respondidas. Minha maior alegria é saber que não só eu e meu irmão temos deles ricas lembranças, mas, quantos que pelo testemunho de vida dos dois tiveram suas vidas mudadas... Um legado que não há preço que pague

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Kairós - Mário Celso Rodrigues

Alegro, andante, moderato.

Um agudo – pouco mais suave.

Clave de sol, sustenido, colchéia.

Poesia,  incomparável harmonia.

Primeiro, segundo soprano,

nos faz sonhar o contralto..

Pássaro planando nas alturas,

águas cristalinas que deslizam no riacho,

sol que repousa no berço das montanhas,

lua que desponta no horizonte dos mares.

Como perfume das rosas,

 é o louvor que sobe aos ares.

No momento exato, tempo certo,

revivo e como pluma

subo aos céus

KAIRÓS

quando cantas,

como metamorfose, tempo certo,

 momento exato,

 transformas

 em celeste poesia, esquecidos dissabores.

Leva-nos também a cantar,

                                                      em doce e alegre harmonia,

ao nosso Deus louvores.