quarta-feira, 17 de setembro de 2014

REMINISCENCIAS I - Mário Celso Rodrigues



Foto Flight Aware















Rua Capitão Paulo,
da casa a varanda era o palco
de brincadeiras e sonhos,
condutor de locomotivas,
ou quem sabe aviador?
Num cepo de madeira, duas manivelas,
eram freio e acelerador;
na boca um zumbido estranho
imitava o ronco do motor.
Não havia confusão – às vezes era um trem,
de quando  em quando um avião.

Na estrada do Engenho Novo;
padaria nova inaugurou.
E, quando dava na veneta
Dia amanhecendo – sol vermelho no arrebol
Feliz ia correndo – dinheiro enrolado na mão
Comprar um litro de leite
E um saboroso e quentinho pão.

Meu irmão, que implicante era,
pegava no pé, sem tréguas sequer.
Em cerradas e infantes disputas
Mais velho e mais forte eu tinha que ser,
mais forte e esperto queria ele o poder:
-Meninos parem com isso -
Enérgica e doce de minha mãe era a voz...
Depois de dura carraspana,
voltava à velha máquina de costura,
pois n’alguma calça quase pronta
tinha que terminar o “cós”.

Um comentário:

  1. Iniciando, em poemas, a minha quase linda história - REMINISCENCIAS I, será o início, não sei a quantas hei de chegar... Uma certeza tenho, de escrever um dia hei de parar... Então meus netos lerão a quase linda história de um avô que se foi ainda criança...

    ResponderExcluir