
Se me lembro, poucas foram as varadas – goiabeira das
goiabas brancas – bem na diagonal da porta da sala... Sua sabedoria em muito
suplantava as leis da psicologia moderna, valorizo as poucas vezes em que senti
as lambadas... Cresci, me tornei homem e,
bem no início da fase “do tudo saber”, dei-lhe pesada resposta, estava
regressando do quartel, da farda verde-oliva pediu-me que a despisse... Foram
as últimas varadas... As lágrimas desceram de seus olhos, que se uniram as que
desciam dos meus, não resisti aos seus
braços abertos e num convulsivo abraço unimos nossos sentimentos.
Grande amigo e mestre, na firmeza de suas convicções extingui
meus medos. Aprendi a amar e respeitar aquela com quem minha família iria
formar... Logo, Deus lhe presenteou com netas, tanto amor e carinho, desprendimento
e entrega... E, nós – dois – os filhos aprendendo a ser pai.
Bem cedo ele se foi, ficou a saudade... Não mais
ouviremos as melodias que em seu tom baixo cantava após a leitura bíblica antes
do sono fecharem nossos olhos de garoto travesso – nossa mãe fazia as leituras
após o jantar. Com as letras ele não tinha intimidade, amava as flores e muito
bem delas cuidava... Não mais o veremos distribuindo mudas entre os vizinhos
mais achegados... Ele se foi, ficou a saudade e o legado. Legado de um coração
generoso que se compadecia da dor de qualquer um outro... Vivia as histórias que
hoje contamos...