terça-feira, 16 de outubro de 2012

CANÇÃO DO EXÍLIO (Antonio G. Dias)

Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas tem mais flores, nossos bosques tem mais vidas, nossa vida mais amores. Em cismar sozinho à noite. Mais prazer encontro eu lá, minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá. Minha terra tem primores, que tais não encontro eu cá, em cismar sozinho a noite, Mas prazer encontro eu lá. Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. Não permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lá. Sem que desfrute os primores, que não encontro por cá. Sem que inda aviste as palmeiras, onde canta o sabiá.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

ECLESIASTES 11 (Israel B. de Azevedo)

Lançar o meu pão sobre as águas ignotas, para ser tomado pelo bico das gaivotas? Lançar o meu pão sobre as águas revoltas onde serão apenas migalhas soltas? Lançar o meu pão sobre as águas imundas? De onde baixarão para as trevas profundas? Lançar o meu pão sobre as águas imensas, que conduzirão para distancias densas? Nada sei sobre o destino das águas, porque não sei como as ondas se formam, como não sei onde os ventos se reformam, como não sei o que as nuvens portam, porque não sei porque as trevas assim se comportam. Sei que vou recolher meu pão lançado, mesmo que pelas gaivotas bicado, mesmo que pelas pedras esmigalhado, mesmo que pelo óleo manchado, mesmo que da viagem cansado. Porque confio na palavra plena de Deus, que me manda meu pão sobre as águas lançar, eis que seus projetos são melhores que os meus, pelo que sua sabedoria quero tão somente alcançar.